domingo, 13 de março de 2011

" O PRÍNCIPE MALDITO" UM EXCELENTE LIVRO

O Príncipe Maldito



Capa do livro
     No início deste mês de março terminei a leitura de um grande livro – “O Príncipe Maldito” de Mary Del Priore.
     Será que alguém sabia que no Brasil, além da Princesa Isabel, havia um bonito príncipe? Com certeza poucos, pois os nossos manuais didáticos de História não possuem espaço para histórias tão particulares, para heróis ou anti-heróis desconhecidos ou pouco badalados.
     Na verdade, não é só isso, a pesquisa histórica no Brasil é muito pequena diante da nossa necessidade, ainda há poucos investimentos e apenas uma pequena elite tem acesso a conhecimentos mais profundos e detalhados de nossa História.
    Mas vai aqui uma dica, vale a pena ler Mary Del Priore, apesar de ser uma renomada historiadora, com um belo currículum, sua escrita é magistral, temos a impressão de estarmos lendo um romance, muito melhor do que esses best seler americanos que não conseguimos nos desgrudar.
    O livro “Príncipe Maldito” é poético, delicado no que diz respeito as personalidades históricas apresentadas, super bem escrito e muito fácil de ser compreendido.
    O livro narra a trajetória do neto de D. Pedro II, Pedro Augusto de Saxe e Coburgo, filho da princesa Leopoldina, irmão da Isabel, como esta levou anos para ter seus próprios filhos, os de sua irmã ficaram na mira do trono brasileiro. A Princesa Leopoldina morreu nova na Europa, deixando quatro filhos, D.Pedro II vai buscar os dois mais velhos para serem criados no Brasil e, prepara o mais velho para ser seu sucessor. O destino age, pois, depois de anos a Princesa Isabel dá luz ao herdeiro legitimo, ficando Pedro Augusto ainda mais longe do trono.
    A história dos últimos anos do Império Brasileiro é entrelaçada com a do príncipe Pedro Augusto e de sua família. Interessante como os fatos históricos já conhecidos, ganham outro olhar, avaliados por documentos novos, com análise psicológica e histórica inovadora e com uma narrativa vivaz e deliciosa.
   Reproduzo as palavras de Eduardo Bueno, jornalista e também pesquisador da nossa história –
“Já faz algum tempo que a história do Brasil vem sendo libertada dos grilhões que a aprisionaram aos bancos escolares. Mas o alcance deste O Príncipe Maldito parece ainda maior, pois o livro subverte, virtualmente destroça, a frase arrogante de Norman Mailer de acordo com a qual a história é escrita por maus romancistas’. Aqui está, de corpo inteiro e alma aberta, um ‘romance de não-ficção: a vida sem obras de Pedro Augusto de Saxe e Coburgo — o príncipe que sonhou ser D. Pedro III, mas virou sapo quando o império das circunstâncias cedeu lugar à república dos fatos.”...(Eduardo Bueno - Contra capa do livro)
Aviso aos alunos que este livro está disponível na Biblioteca do colégio. Aproveitem, vale a pena dar uma olhadinha.

Abraços da Profª Gilcleia

sexta-feira, 11 de março de 2011

IDADE MÉDIA E A CRISE DO SÉCULO XIV

             Para as turmas do 1º Ano do Ensino Médio, posto aqui  nossa aula sobre a Idade Média. Desta, o mais importante é a crise do Século XIV e suas consequências, pois iremos conhecer, já na primeira semana pós Carnaval (2011), o Renascimento Cultural.


 

 

 
ALTA IDADE MÉDIA

  • Introdução

 
A Idade Média só ocorreu na Europa, teve início com as invasões germânicas (bárbaras), sobre o Império Romano do Ocidente no século V, estendendo-se até o século XV, com a expansão comercial europeia.

 

Crise do Império Romana (http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=80)
 Caracteriza-se pela economia ruralizada, o enfraquecimento comercial, a supremacia da Igreja Católica, o sistema de produção feudal e a sociedade hierarquizada.

 
Página da Iluminura “As mais belas horas do Duque de Berry” 
         Iluminura são desenhos que ilustravam livros escritos ou copiados durante a Idade Média. Essa acima, representa bem a vida medieval, o trabalho da terra (ruralização) – o camponês arando, colhendo e semeando, três importante momentos na vida rural; o castelo ao fundo, num plano mais alto, morada do Senhor.

 
  • A divisão didática da Idade Média

 

 

 
  • A Sociedade medieval
Características:
  • Estamental, sem mobilidade
  • Dividida em três ordens:
1ª Clero (padres, bispos, papa)

 
2ª Nobres (reis, condes, duques, cavaleiros)

 
3ª Servos (camponeses, artesões e burgueses) 

 

 
FEUDALISMO


         "O Feudalismo pode ser visto enquanto um sistema de produção a partir do século IX, definido após um longo processo de formação, reunindo principalmente elementos de origem germânica e de origem romana. Essa estrutura foi marcante na Europa Ocidental e responsável pela consolidação de conceitos e valores que se perpetuaram. Muitos vêem nesse momento o desenvolvimento da "Europa Cristã"."



http://blogeebaeduc.blogspot.com/2009/03/feudalismo-mapa-conceitual_06.html

Desenho de um feudo

Economia

 
Baseava-se principalmente na agricultura.
Existiam moedas, porém eram pouco utilizadas.
As trocas de produtos e mercadorias eram comuns.
O feudo era a base econômica, quem tinha a terra possuía mais poder.
O artesanato era praticado com baixa produção, as técnicas de trabalho agrícola eram extremamente rudimentares.

BAIXA IDADE MÉDIA


        No século X, ocorreu o fim das invasões. Os últimos invasores já haviam se estabelecidos:
  • normandos no Norte da França (Normandia)
  • eslavos - no centro leste da Europa (atual Hungria).
        O continente vivia a "paz medieval", a qual ocasionou mudanças que provocaram transformações no panorama europeu. Houve uma melhoria na produção, que consequentemente levou à uma melhoria alimentar, possibilitando um aumento demográfico.
        Devemos considerar ainda as diversas inovações técnicas que surgem ou passam a ser utilizadas em maior escala a partir do século XI. Como exemplos temos o moinho de água, de animais ou de vento, a inovação tecnológica do eixo comum às duas rodas nos arados, agora de ferro, a utilização de animais, como o cavalo com ferradura, no lugar do boi e a alternância das culturas nos campos, como o rodízio da cultura paralela de trigo, feijão, centeio e aveia.
        A expansão agrícola e demográfica e a base do crescimento europeu do século XI marcam uma ruptura com o período anterior. O crescimento das cidades e as novas relações sociais alteram as estruturas medievais, diferenciando, assim a Alta e a Baixa Idade Média.

       A expansão agrícola alterou o regime do homem medieval, o que, por sua vez, favoreceu a queda dos índices de mortalidade e o aumento da natalidade, provocando a expansão demográfica observada nesse período. Os dois fenômenos devem ser compreendidos em conjunto.

Pieter Bruegel
BURGUESIA – NOVA CAMADA SOCIAL

            Em torno dos castelos começaram a estabelecer-se indivíduos que comerciavam produtos excedentes locais e originários de outras regiões da Europa. Retomaram o uso da moeda por necessidade econômica.
            Dedicados ao comércio, enriqueceram e dinamizaram a economia no final da Idade Média. Esta nova camada social necessitava de segurança e buscou construir habitações protegidas por muros. Surgia assim os burgos que, com o passar do tempo, deram origem a várias cidades (renascimento urbano) e seus moradores passaram a ser chamados de "burgueses".

Clássica pintura, representando os dois novos valores da burguesia: o comércio e o conhecimento.
CRISE DO SÉCULO XIV E SUAS CONSEQUÊNCIAS


         Em todo o século XIV e até meados do século XV, a Europa enfrentou uma série de circunstâncias que afetaram profundamente a vida de sua população. Mudanças climáticas trouxeram vários anos seguidos de muita chuva e frio, o que causou o extermínio de animais e plantações, levando a um longo período de fome; a peste negra, originária do Mar Negro e, transmitida por ratos, dizimou milhões de europeus já enfraquecidos pela fome. Além disso, a violência gerada pela Guerra dos Cem Anos fez eclodirem revoltas populares que ceifaram outras tantas vidas.
 

       Para finalizar, podemos concluir que a crise do século XIV foi um conjunto de fatores: períodos de muitas chuvas, intercalado aos de seca, juntamente com a  Guerra dos Cem Anos entre  Inglaterra e  França, o que acarretou a redução de alimentos, levando a fome e mortes. Com a expansão do comércio e o resusrgimento das cidades, muitas doenças, como a Peste Negra, acharam um ambiente propício, consequentemente a população da Europa diminuiu bastante, levando a falta de mão-de-obra, tanto nos campos como nas cidades. Diante desse quadro, muitos senhores, aumentaram os impostos  dos camponeses, com a intenção de aumentar seus rendimentos. Em muitos lugares, os camponeses se revoltaram contra a opressão e a fome, queriam se libertar das amarras feudais. O que nos leva a perceber uma grande mudança de mentalidade.
      Esses fatores acabaram desgastando o sistema feudal, mas não  levando ao seu fim, até o século XVIII ainda conseguiremos identificar características feudais em toda a Europa Ocidental.

terça-feira, 1 de março de 2011

II REINADO BRASILEIRO - 3ª ANO ENSINO MÉDIO

Para as turmas 3000 estou colocando o texto da nossa aula em Power Point, sobre o II Reinado, no caso da turma 3002, estes itens resumem o texto já dado. Aproveitem, vamos abrir uma discussão em sala sobre a crise do Império e como se deu a Proclamação da República.




BRASIL IMPÉRIO – 1822 – 1889



• 1822 – 1831 D. Pedro I (Imperador)


• 1881 D. Pedro I abdica do trono do Brasil.


• 1881 – 1840 Período Regencial


• 1840 Com o Golpe da Maioridade, D. Pedro II assume com apenas 14.



II REINADO



A) POLÍTICA INTERNA

• 3 fases:

– Consolidação (1840 – 1850):

– Conciliação (1850 – 1870):

– Crise (1870 – 1889):

• 2 correntes políticas:

– Liberais: profissionais liberais urbanos, latifundiários ligados a produção para o mercado interno (áreas mais novas).

– Conservadores: grandes comerciantes, latifundiários ligados ao mercado externo, burocracia estatal.

– Sem divergências ideológicas, disputavam o poder mas convergiam para a conciliação. Ambos representavam elites econômicas.



• Parlamentarismo às avessas:

– Poder legislativo subordinado ao executivo.

– Imperador = peça central nas decisões.

Liberais e Conservadores manipulados por D. Pedro II, cientes de que precisavam de sua proteção.

Charge da época: D. Pedro II equilibrando os políticos de um lado os Liberais e do outro os Conservadores.



B) A Guerra do Paraguai (1865 – 1870):


– Maior conflito armado da América Latina.

– Antecedentes:

 PARAGUAI: sem dívida externa, sem analfabetismo, miséria ou escravidão, com indústrias, estradas de ferro, universidades, telégrafo, exército desenvolvido, governado ditatorialmente por Solano López.

– Causas:

PARAGUAI sem saída para o mar (anexações no BRASIL e ARGENTINA).

“Mau exemplo” – oposição inglesa ao projeto paraguaio.

Rompimento de relações diplomáticas com o BRASIL (represália a invasão do URUGUAI e deposição de Aguirre).

Invasão paraguaia ao MT e ARG (1865).

Resultado para o Brasil:

BRASIL: endividamento, fortalecimento político do exército, crise do escravismo e do Império.

INGLATERRA: afirmação de interesses econômicos na região.



C) ECONOMIA:

• Café: principal produto.

– Mercado externo (EUA/EUROPA).

– Alto valor.

– Solo (“terra roxa”) e clima favoráveis.

– Região Sudeste.

– Desenvolvimento dos transportes (estradas de ferro, portos).

– Desenvolvimento de comunicações (telégrafo, telefone).

– Desenvolvimento de atividades urbanas paralelas (comércio, bancos, indústrias)

O LAVRADOR DE CAFÉ - CÂNDIDO PORTINARI



 CAFÉ ECONOMIA
  • LATIFUNDIÁRIA
  • ESCRAVISTA
  • MONOCULTOURA
  • DE EXPORTAÇÃO
– Vale do Paraíba (RJ – SP): 1ª zona de cultivo. Início no final do século XVIII. Latifúndio escravista tradicional, sem inovações técnicas. Principal até aproximadamente 1860-70.


– Oeste paulista: 2ª zona de cultivo. Início aproximadamente a partir de 1850. Tecnologicamente mais avançado. Introdução do trabalho de imigrantes paralelamente ao escravismo. “Terra Roxa”.



Expansão do café para o Oeste Paulista


´Cidades Do Rio DeJaneiro produtoras de café

C) A imigração:


– Superação da crise do escravismo.

– Mito do “embranquecimento”.

– Necessidade de mão-de-obra (cafeicultura – sudeste).

– Ocupação e defesa (região sul).

– Crise econômica e social em países europeus.

– Os sistemas de imigração nos cafezais:


D) A crise do escravismo:


– Oposição inglesa (Bill Aberdeen – 1845).

– Lei Eusébio de Queirós (1850).

 Fim do tráfico de escravos.

 Tráfico interprovincial (NE – SE).

 Aumento do valor dos escravos.


ATENÇÃO – Observe os números abaixo: desde a década de 1820, que os imigrantes chegam ao Brasil, ao mesmo tempo em que o número de escravos vão decrescendo.


– Movimento abolicionista:
  • intelectuais,
  • camadas médias urbanas,
  • setores do exército.
– Radicalização do movimento abolicionista – caifazes.
– Prolongamento da escravidão por meio de leis inócuas:

Lei do Ventre Livre (1871).

Lei dos Sexagenários ou Saraiva-Cotegipe (1885).

Lei Áurea (1888):

Fim da escravidão sem indenizações.

Marginalização de negros.

Crise política do império.


A CRISE GERAL DO IMPÉRIO (a partir de 1870):

A questão religiosa:

– Igreja atrelada ao Estado (Constituição de 1824).

 Padroado e Beneplácito.

– 1864 – Bula Syllabus (Papa Pio IX): maçons expulsos dos quadros da Igreja.

– D. Pedro II proíbe tal determinação no Brasil

– Igreja deixa de prestar apoio ao Imperador.

• Questão militar:

– Exército desprestigiado pelo governo: baixos soldos, pouca aparelhagem e investimentos.

– Exército fortalecido nacionalmente após a Guerra do Paraguai.

– Punições do governo a oficiais que manifestavam-se politicamente.

 Sena Madureira, Cunha Matos.

– Penetração de idéias abolicionistas e republicanas positivistas nos quadros do exército associam o Império ao atraso institucional e tecnológico do país.

• Questão Republicana:

– 1870: Manifesto Republicano (RJ) – dissidência radical do Partido Liberal.

– 1873: Fundação do PRP (Partido Republicano Paulista), vinculado a importantes cafeicultores do Estado.

– Descompasso entre poderio econômico dos cafeicultores do Oeste Paulista e sua pequena participação política.

– Abolicionismo em contradição com o escravismo defendido por velhas elites aristocráticas cariocas.

– Idéia do Federalismo – maior autonomia estadual.

– Apoio de classes médias urbanas, também pouco representadas pelo governo imperial.

Questão Abolicionista:

– Abolição da Escravidão (1888) retira do governo imperial sua última base de sustentação: aristocracia tradicional.

– Império é atacado por todos os setores, sendo associado ao atraso e decadência.

A Proclamação da República (15/11/1889):

– 1888 – D. Pedro II tenta implementar reformas políticas inspiradas no republicanismo através de Visconde de Ouro Preto:

 Autonomia provincial, liberdade de culto e ensino, senado temporário, facilidades de crédito...

– Reformas negadas pelo parlamento que é dissolvido pelo imperador.

– Republicanos espalham boatos de supostas prisões de líderes militares.

– Marechal Deodoro da Fonseca lidera rebelião que depõe D. Pedro II.

Esse texto foi retirado da Internet e adapatado para a nossa aula, qualquer interesse é só ir direto ao site http://pt.scribd.com/doc/20613135/br-imperio-II-reinado-PF .
Abraços

Profª Gilcleia Ramos Calixto